"Próxima estação..."
Estou sentada no banco à espera do autocarro, enquanto tento manter todos os livros no meu colo sem que caiam para o chão. Ao meu lado senta-se uma menina, nos seus 5 anos, a brincar com dois guarda-chuvas. Enquanto o faz, repete o som do metro a circular nos carris e diverte-se a imitar a voz que dá as informações. Não pede mais nada, aproveita só isto. E repete, e repete, e repete... tão simples. Olha para mim com os seus olhos curiosos. Sorrio involuntariamente, talvez porque a sua inocência chega a ser irónica, ou talvez porque um dos guarda-chuvas é igual a um que também tive em tempos e com o qual devo também ter inventado aventuras intermináveis e sempre tão cativantes. A chuva ainda cai e sinto o vento no cabelo. Ouço a mãe da criança a ter uma conversa acesa ao telemóvel, talvez acerca do trabalho. Parece impaciente. A menina vai recebendo chamadas de atenção, mas continua a focar-se na sua imaginação. E eu continuo fascinada com o diálogo que não...