Fio de mágoa
Estava sentada à espera do metro. Rotina habitual. Ao meu lado estava uma rapariga com uma mochila e um livro na mão que parecia pesado. Estava com fones nos ouvidos e parecia concentrada em tudo menos na música... tinha um olhar distante, fixo em nada. Tentei não olhar demasiado, não fosse ela reparar que estava a achar tudo aquilo um pouco estranho. Passado uns minutos, reparei no que tinha ao pescoço: um fio. Se era prata, não sei e não importa, mas tinha duas peças penduradas. Não consegui ver bem o que eram, mas pareciam ser pequenas e cheias de significado. A rapariga olhava-as com toda a atenção do mundo, até ter pegado nelas e ter ficado a analisar todos os cantos que tinham. Sobrepunha-as com cuidado, para que encaixassem uma na outra e logo a seguir separava-as de novo. Enquanto o fazia, talvez inconscientemente, olhava para além delas e para além deste sítio. Pensava em mil coisas em simultâneo: revivia-as ou imaginava-as. Doía-me olhar para ela. Não sei porquê, ...