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A mostrar mensagens de junho, 2020

Hoje vou morrer

Hoje vou morrer. Pelo menos era o que dizia a carta violeta, há uma semana atrás, assinada por ela, que ia morrer dali passados oito dias (se bem que isso significaria que morreria amanhã, mas tenho aprendido que a morte não tem boas relações com a Matemática). Na realidade, talvez até já tenha morrido, durante o sono, de madrugada, e esteja já a experienciar o que quer que seja que há depois de morrer. Ou então estou a desperdiçar o meu último dia a pensar sobre isso. Como será que vou morrer? Se ficar em casa, será que simplesmente bato com a cabeça ou dá-me um enfarte? Se sair, tropeço nas escadas, passa-me um carro por cima, ou sou apanhado de surpresa no meio de um tiroteio clandestino numa rua duvidosa? Talvez morra em frente ao meu querido caderno, no meu querido café, a meio de uma frase importante, para que depois leiam (quando morrer, o que escrevi vai ser muito mais interessante) e fiquem com a frustração de pensar o que seria que eu ia escrever, quais seriam as minhas ...