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A mostrar mensagens de maio, 2018

Ligado à corrente

Telefono-lhe na manhã de dia 5. Se a memória não me falha, há 2 anos foi quando parou de me ligar. Pergunto-me se atenderá... normalmente atende, mas não fala muito, deixa-me a mim falar; gosto disso, sinto-me genuinamente ouvida. Atende. Mas só o sei porque deixo de ouvir o som dos toques no telemóvel, porque não ouço voz nenhuma do outro lado. Mas ela está lá, eu sei que está. Pergunto-lhe como se sente e obtenho a mesma reação: não sente nada. Na realidade, não sei o que sente, porque não mo diz. Hoje foi diferente. Estava quase a desistir de perguntar, quando me responde que não sabe descrever o que sente, mas que tem a certeza de que não o quer sentir. Respondo o mesmo de sempre: temos de ir aguentando, pelos outros... e reforço com um "preciso tanto de si...", que é a maior verdade do mundo.  Falo-lhe do sorriso dos netos quando a ouvem falar e do quanto também precisam  dela. Diz-me que, quando sente, sente dor; quando não sente, não se reconhece. Não sei bem o qu...