Quem me dera.
Quem me dera que parasses e olhasses
Para o que me andas a fazer.
Bem sei que tudo gira à tua volta,
Mas podias, ao menos, tentar.
Isso...
Nunca se tenta, sempre se esconde,
Às vezes se surpreende e outras
Só mente.
Mente de quem sonha contigo e por ti,
Que só mentindo diz o que sente,
Mas nem com mentiras se convence.
Não sei porque te tento perceber.
Finjo-me de entendido
À procura de um sentido
Que insisto em dar a isto,
A ti.
Desisto e sorrio com a eternidade
Ignorante da minha alma
Calma e expectante,
Nesta pequena tempestade vazia.
Quem sou?
Quem és?
Nada sei, nunca soube,
Nem quando imaginei.
Quem me dera escrever
Enquanto ouço esta melodia que não existe,
Mas, sem descanso,
Em mim persiste.
Faz de mim a tela que leem,
O abstrato,
O que quiseres, porque nada importa.
Tudo é vão
E, no fim, todos vão.
Deixa-me,
Por uma só noite,
Não te ouvir, nem ao Espaço,
Deixar a minha mente beber do soro
E conversar com o que trago
No peito.
Desrespeitar todas as regras
E os versos bonitos,
Porque não quero poesia, nem prosa,
Quero esta música de palavras que me consome
E delira
Por todos estes cantos,
Sem nunca me encantar
(Como, se nunca a ouvi?)
Diz-me, de uma vez por todas,
A razão.
Porque não me deixas voltar?
Para de me apressar,
Já só ando às voltas e voltas...
É o Vento, quem te empurra?
Fala-lhe da Brisa, então.
Estou no centro da minha alma,
De luzes postas em mim.
Ouço o piano
Que, quando ler, será silêncio.
Silêncio daquele que me incomoda,
Que quero preencher,
Mas não apenas encher
Com o meu parecer,
Já diferente do meu ser.
Luto com rimas confusas e discordantes,
Desobedientes, como eu.
Toca agora o violino
E sinto o comboio abrandar.
Nunca vai existir esta música que ouço
E as palavras que aqui deixo,
Jamais vou sentir.
É uma simples cascata
Que tanto fortalece,
Até que mata de uma só vez,
Só porque tu não...
Vês.
Chego ao fim da linha,
Ao fim da pauta.
"O comboio abranda, é o Cais do Sodré.
Cheguei a Lisboa, mas não a uma conclusão."1
Tento,
Novamente,
Mas minto quando digo que cansa.
Que posso eu fazer
A esta ânsia que nada sacia?
Por enquanto, desisto,
Tempo.
1 - Livro do Desassossego, Bernardo Soares
Quem me dera que parasses e olhasses
Para o que me andas a fazer.
Bem sei que tudo gira à tua volta,
Mas podias, ao menos, tentar.
Isso...
Nunca se tenta, sempre se esconde,
Às vezes se surpreende e outras
Só mente.
Mente de quem sonha contigo e por ti,
Que só mentindo diz o que sente,
Mas nem com mentiras se convence.
Não sei porque te tento perceber.
Finjo-me de entendido
À procura de um sentido
Que insisto em dar a isto,
A ti.
Desisto e sorrio com a eternidade
Ignorante da minha alma
Calma e expectante,
Nesta pequena tempestade vazia.
Quem sou?
Quem és?
Nada sei, nunca soube,
Nem quando imaginei.
Quem me dera escrever
Enquanto ouço esta melodia que não existe,
Mas, sem descanso,
Em mim persiste.
Faz de mim a tela que leem,
O abstrato,
O que quiseres, porque nada importa.
Tudo é vão
E, no fim, todos vão.
Deixa-me,
Por uma só noite,
Não te ouvir, nem ao Espaço,
Deixar a minha mente beber do soro
E conversar com o que trago
No peito.
Desrespeitar todas as regras
E os versos bonitos,
Porque não quero poesia, nem prosa,
Quero esta música de palavras que me consome
E delira
Por todos estes cantos,
Sem nunca me encantar
(Como, se nunca a ouvi?)
Diz-me, de uma vez por todas,
A razão.
Porque não me deixas voltar?
Para de me apressar,
Já só ando às voltas e voltas...
É o Vento, quem te empurra?
Fala-lhe da Brisa, então.
Estou no centro da minha alma,
De luzes postas em mim.
Ouço o piano
Que, quando ler, será silêncio.
Silêncio daquele que me incomoda,
Que quero preencher,
Mas não apenas encher
Com o meu parecer,
Já diferente do meu ser.
Luto com rimas confusas e discordantes,
Desobedientes, como eu.
Toca agora o violino
E sinto o comboio abrandar.
Nunca vai existir esta música que ouço
E as palavras que aqui deixo,
Jamais vou sentir.
É uma simples cascata
Que tanto fortalece,
Até que mata de uma só vez,
Só porque tu não...
Vês.
Chego ao fim da linha,
Ao fim da pauta.
"O comboio abranda, é o Cais do Sodré.
Cheguei a Lisboa, mas não a uma conclusão."1
Tento,
Novamente,
Mas minto quando digo que cansa.
Que posso eu fazer
A esta ânsia que nada sacia?
Por enquanto, desisto,
Tempo.
1 - Livro do Desassossego, Bernardo Soares
Li e reli.
ResponderEliminarApressei e voltei atrás.
Li de novo pra chegar ao fim
Mas voltei a voltar para trás!
Pois que escreves com alma
Que quase afirmas esquecer
Mas em ti a vida flui
Exuberante. Quente. Sem querer!
Nessa dança com o vento
Que te leve onde queres ir
Guarda o lugar à janela
Nesse comboio que vai partir!
Li e reli.
Apressei e voltei atrás.
Mas de tudo o que percebi
É o que te ler a mim faz!